É impossível saber quanto seu cliente economizou naquele mês apenas com a fatura de energia na mão. Isso só é possível se for uma UC beneficiária. Em UCs geradoras (que tem um sistema instalado) é impossível.
Por quê?
Por causa da simultaneidade. A simultaneidade é uma economia oculta, que não aparece na fatura, e que muitas vezes pode confundir seu cliente. Ele olha a economia lá, acha que está muito baixa comparada ao que você prometeu, e vem te questionar.
Hoje vou te ensinar a calcular com exatidão a economia completa proporcionada por um sistema fotovoltaico.
1. Como calcular a Economia em uma UC Beneficiária
Na UC beneficiária não existe benefício referente à simultaneidade, apenas o benefício referente à energia compensada (proveniente do rateio).
Geralmente quando se trata de beneficiária, vem bem explícito:
- quanto ela consumiu (valor positivo);
- quanto ela compensou (valor negativo); e
- valor final (diferença entre consumido e compensado).
Se não vier esse detalhamento na fatura, cabe reclamação na distribuidora, pois essas informações são obrigatórias.
A economia em uma UC beneficiária é o valor referente ao “quanto ela compensou (valor negativo)”. Muito simples de encontrar na fatura.
Agora vamos para a UC geradora que é um pouco mais complexa.
2. Como calcular a Economia em uma UC Geradora
Para calcular a economia total em uma UC geradora (que tem um sistema instalado), você precisa encontrar:
- a economia referente à energia compensada; e
- a economia referente à energia consumida instantaneamente (simultaneidade).
A soma dessas 2 economias é a economia total da UC geradora.
Na verdade podemos dizer que a soma dessas 2 economias é a economia de qualquer UC, geradora ou não. Acontece que nas beneficiárias a economia referente à simultaneidade vai ser sempre zero.
Primeiramente vamos encontrar a economia referente à energia compensada.
2.1. Economia referente à Energia Compensada
Para achar quanto você economizou referente à energia compensada, o processo é igual à UC beneficiária: basta olhar na fatura.
Infelizmente em algumas distribuidoras esse valor não vem explícito, e aí para saber se está correto você precisa fazer uma auditoria da fatura. Calcular tudo de cabo a rabo, em uma planilha, e ver se o resultado que você encontrou bate com o valor da fatura.
Se você quiser um curso de auditoria de faturas completo vou deixar o link aqui para você.
Mas vamos considerar que a distribuidora onde você está é séria e coloca todos os valores obrigatórios na fatura.
Maravilha, você então encontrou a economia referente à energia compensada.
Agora referente à simultaneidade, como você faz esse cálculo?
2.2. Economia referente à Simultaneidade
Para encontrar a economia referente à simultaneidade, basta seguir um passo a passo que listei aqui para você.
Não tem erro, funciona para qualquer fatura de energia.
Vale lembrar: todas as informações que você precisa para calcular a simultaneidade são obrigatórias de serem disponibilizadas na fatura. Se alguma faltar, entre com reclamação na distribuidora; se não resolver entre na ouvidoria; se não resolver entrar na ANEEL. Dá certo.
Vamos ao passo a passo.
Passo 1: procurar as datas que o leiturista fez as medições (anterior e atual).
Por exemplo: de 11/09 a 08/10.
Encontrou então o período da fatura.
Passo 2: acessar o monitoramento do sistema, e procurar a geração do sistema entre os dias da leitura.
No nosso exemplo, entre 11/09 e 08/10.
Se você abrir o monitoramento e pegar a geração referente a “setembro” por exemplo, está errado. Esse valor referente a setembro é de 01/09 a 30/09. Dificilmente as datas de leitura do medidor serão tão exatas assim.
Encontrou então a quantidade de energia gerada no período da fatura.
Passo 3: encontrar na fatura a quantidade de energia injetada.
Você consegue esse valor de 2 formas: ou nos detalhamentos das contas, ou na diferença de leitura do medidor.
Observe que existe a data de leitura, e existe a leitura de energia em si.
A leitura de energia em si ainda é dividida em 2: leitura de energia consumida e leitura de energia injetada.
Aqui você precisa encontrar a leitura de energia injetada, e subtrair a “leitura atual” pela “leitura anterior”. Assim você encontra quantos kWh foram injetados na rede naquele período da fatura (no nosso exemplo, entre os dias 11/09 e 08/10).
Encontrou então a quantidade de energia injetada no período da fatura.
Passo 4: calcular qual foi a simultaneidade.
Agora que você já sabe quanto de energia gerou e quanto de energia injetou, a diferença entre esses dois valores é a simultaneidade.
Exemplo: se você gerou 1000 kWh e injetou 700 kWh, a simultaneidade foi de 300 kWh. Você consumiu 300 kWh instantaneamente, por isso eles foram “vistos” pelo medidor
Passo 5: encontrar na fatura o valor da energia consumida.
A energia consumida instantaneamente (simultaneidade) é uma energia que você deixa de comprar. Logo, ela tem exatamente o mesmo valor da energia consumida.
Para saber quanto você economizou, você irá utilizar o valor da energia consumida (“comprada”).
Exemplo: valor da energia consumida R$ 0,92873.
Encontrou então o valor da energia consumida.
Passo 6: calcular qual foi a economia referente à simultaneidade.
Você já calculou no passo 4 a simultaneidade, e no passo 5 o valor da energia consumida. Agora é só multiplicar esses 2 valores para encontrar a economia referente à simultaneidade.
No nosso exemplo:
- simultaneidade = 300 kWh
- valor da energia consumida = R$ 0,92873
- economia referente à simultaneidade = 300 kWh x R$ 0,92873 = R$ 278,62
Ou seja, nessa fatura hipotética, existem R$ 278,62 que foram economizados que nem aparecem escritos na fatura.
Essa economia é referente à energia que você deixou de consumir, porque foi suprida pela sistema fotovoltaico instantaneamente, durante a geração.
É muito comum o cliente olhar na fatura o valor negativo referente à energia compensada e pensar:
– “mas ele me prometeu uma economia maior do que isso, se tivesse economizando o que ele me prometeu minha conta estaria menor ainda.”
Por isso você precisa saber exatamente como a simultaneidade diminui a economia na fatura, e como calculá-la.
Mas agora você já sabe.
Espero ter contribuído de alguma forma.
Até a próxima.